Rondônia em ebulição política: trocas de mandato, alianças instáveis e pré-campanhas antecipadas marcam disputa por 2026

Porto Velho, RO – A política de Rondônia entrou em clima de pré-campanha com a aproximação das eleições de 2026. A semana de 31 de maio a 7 de junho foi marcada por intensas movimentações, articulações e decisões judiciais que prometem reconfigurar o cenário estadual e federal. O tabuleiro político rondoniense se mostra dinâmico, com disputas que envolvem desde a Assembleia Legislativa até as duas cadeiras do Senado, passando pela bancada na Câmara dos Deputados.
O principal fato da semana foi a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que alterou a regra de distribuição das sobras eleitorais e determinou a retotalização dos votos das eleições de 2022. A mudança, com efeitos retroativos, afeta diretamente o deputado federal Eurípedes Lebrão (União Brasil), que deve perder o mandato para Rafael Fera (Podemos), conforme projeções. A medida também impacta outros estados, gerando debates sobre segurança jurídica e estabilidade institucional.
No Congresso, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), defendeu que a nova regra só seja aplicada a partir de 2026. Enquanto isso, em Rondônia, o TRE deverá conduzir a retotalização com atenção à transparência e aceitação pública do resultado.
Paralelamente, novas figuras começam a ganhar espaço no cenário eleitoral. As primeiras-damas Luana Rocha e Joliane Fúria, esposas do governador Marcos Rocha e do prefeito de Cacoal, Adailton Fúria, respectivamente, surgem como possíveis candidatas à Câmara Federal, investindo na visibilidade digital e na popularidade dos maridos.
Outros nomes cogitados para a disputa são o prefeito de Vilhena, Delegado Flori, o empresário Fernando Villas-Boas (Ariquemes), além de lideranças como Sandro Rocha (Detran), Coronel Vital (Segurança Pública) e figuras influentes no interior, como Célio Lang e Ninho Testoni. Na capital, vereadores como Márcio Pacele também ensaiam a migração para a Assembleia Legislativa.
No campo da centro-esquerda, o lançamento da “Caravana Esperança” marcou uma tentativa de reorganização das forças progressistas no estado. A frente reúne oito partidos – entre eles, MDB, PDT, PT, PSB e PCdoB – e tem no senador Confúcio Moura (MDB) seu principal nome para o governo estadual. A proximidade de Confúcio com o presidente Lula pode ser um trunfo estratégico, mas também representa um desafio em um estado fortemente bolsonarista.
O grupo tenta construir uma frente ampla, mesmo diante do esvaziamento do MDB local e da ausência de figuras tradicionais como Valdir Raupp, Marinha Raupp e Lúcio Mosquini.
Já no plano nacional, Rondônia foi palco da pré-campanha presidencial com a visita de Ronaldo Caiado (União Brasil) à Rondônia Rural Show, em Ji-Paraná. O governador de Goiás mira apoio na região Norte, reforçando sua plataforma voltada à segurança pública e saúde, temas caros ao eleitorado rondoniense, especialmente ligado ao agronegócio.
A influência do setor agro continua sendo um vetor determinante na política local, moldando candidaturas e agendas. A Rondônia Rural Show, inclusive, tem se consolidado como espaço de articulação e termômetro político.
No Senado, a disputa pelas duas vagas em 2026 já gera tensão entre lideranças bolsonaristas. O ex-presidente Jair Bolsonaro manifestou apoio ao pecuarista Bruno Scheid (“Bruno Bolsonaro”) e ao deputado Fernando Máximo (União Brasil), ambos pré-candidatos. A escolha deve tensionar ainda mais a base conservadora, onde também circulam nomes como a deputada Silvia Cristina (PP), o governador Marcos Rocha e seu vice, Sérgio Gonçalves.
Para o governo estadual, o nome mais forte dentro do bolsonarismo é o senador Marcos Rogério (PL), visto como o preferido de Bolsonaro para a disputa.
A fragmentação do campo conservador e a multiplicidade de pré-candidaturas podem pulverizar votos, tornando as eleições para o Senado uma das mais imprevisíveis do próximo ciclo.
Com tantas forças em movimento, novas lideranças surgindo, decisões judiciais em curso e articulações nos bastidores, o cenário político de Rondônia caminha para uma eleição intensa, marcada por incertezas, reposicionamentos e busca por espaços em todos os níveis de poder.