Ex-funcionária é condenada por desviar R$ 70 mil de escritório de advocacia em Ariquemes; MP recorre e OAB é criticada por omissão

Ex-funcionária é condenada por desviar R$ 70 mil de escritório de advocacia em Ariquemes; MP recorre e OAB é criticada por omissão

A Justiça de Rondônia condenou, na última quarta-feira (11), uma ex-funcionária administrativa de um escritório de advocacia em Ariquemes por desviar cerca de R$ 70 mil de clientes, em um esquema que envolveu 30 episódios de estelionato. A sentença impôs pena de 1 ano, 10 meses e 6 dias de reclusão, em regime semiaberto.

Segundo os autos, a funcionária ocupava cargo de confiança no setor financeiro e utilizava boletos legítimos como base para aplicar o golpe: ela cancelava os documentos originais e orientava os clientes a realizarem pagamentos via Pix diretamente para sua conta pessoal, alegando problemas técnicos no sistema bancário do escritório. O esquema foi descoberto por meio de uma auditoria interna, que identificou movimentações irregulares.

Durante as investigações, conduzidas pela Polícia Civil, a acusada confessou os crimes e alegou dificuldades financeiras como motivação. A condenação foi baseada em provas robustas, incluindo extratos bancários, conversas em aplicativos de mensagens e depoimentos de testemunhas.

Ministério Público contesta pena e cobra punição mais severa

O Ministério Público do Estado de Rondônia (MP-RO) desempenhou papel central no caso, atuando com rigor desde a apuração até a denúncia. Mesmo com a condenação, o MP recorreu da sentença por considerá-la branda diante da gravidade dos fatos, da continuidade delitiva e do impacto causado à imagem da advocacia. O recurso será analisado pelo Tribunal de Justiça.

OAB Rondônia é alvo de críticas por ausência no caso

Em contraste com a atuação do MP, a Seccional Rondônia da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RO) foi criticada pela falta de posicionamento ou suporte institucional. A entidade não acompanhou o processo, não ofereceu assistência ao escritório prejudicado e não se pronunciou publicamente, o que gerou insatisfação entre profissionais da área.

Nas redes sociais, advogados da região expressaram indignação. “A OAB só aparece para cobrar anuidade ou organizar festas. Quando realmente precisamos, ela se cala”, publicou um advogado local em sua conta no Instagram, refletindo o sentimento de parte da categoria. Comentários semelhantes foram registrados em blogs jurídicos e portais locais.

Repercussões e alerta ao setor jurídico

O caso repercutiu fortemente em Ariquemes, cidade com cerca de 100 mil habitantes. Escritórios da região iniciaram revisões internas em seus setores financeiros, temendo casos semelhantes. Conforme publicado pelo portal Rondoniaovivo, episódios de desvio cometidos por funcionários administrativos têm surgido em outras cidades, como Porto Velho e Ji-Paraná, acendendo um alerta para falhas nos controles internos.

Mais do que um crime financeiro, o caso levanta discussões sobre ética profissional, fiscalização e a responsabilidade de instituições que representam a advocacia. A condenação da ex-funcionária é um passo da Justiça, mas a ausência de resposta institucional reforça o desafio de restaurar a confiança da sociedade nos escritórios e nos órgãos de classe.