Crise no Governo Rocha: Exoneração de Júnior Gonçalves se transforma em escândalo político e expõe clima de paranoia no CPA

Crise no Governo Rocha: Exoneração de Júnior Gonçalves se transforma em escândalo político e expõe clima de paranoia no CPA
Crédito:Rondonoticias

O que parecia ser apenas uma exoneração estratégica dentro do governo Marcos Rocha acabou se tornando uma crise política de grandes proporções. Quase quatro meses após a saída de Júnior Gonçalves, ex-secretário e ex-homem de confiança do governador, o episódio evoluiu para um embate explosivo nos bastidores do Centro Político Administrativo (CPA).

A tentativa de minar a reputação de Júnior com uma suposta denúncia de desvio de R$ 150 milhões, divulgada por veículos pouco expressivos, mas generosamente financiados com publicidade oficial, provocou o efeito contrário. Em vez de enfraquecê-lo, a narrativa levantou suspeitas sobre a real motivação do governo e seus ocupantes.

“Se houve desvio, ele não teria agido sozinho”, é o comentário que mais se repete nas redes. O foco da crise agora recai sobre o casal Marcos e Luana Rocha, abrindo margem para uma teoria de que Júnior teria operado interesses muito mais amplos do que os da sua antiga pasta.

Viagens milionárias e um silêncio estratégico

Enquanto isso, Marcos Rocha encontra-se fora do país em mais uma viagem oficial — uma prática cada vez mais comum e criticada. O acúmulo de despesas com diárias e custos logísticos já ultrapassa R$ 3 milhões, segundo fontes internas. A justificativa oficial é "segurança institucional", respaldada por decreto, mas o efeito tem sido o oposto: mais desconfiança.

Aliados próximos afirmam que Júnior Gonçalves foi exonerado por se recusar a compactuar com traições políticas e promessas descumpridas durante a campanha de reeleição de Rocha. Desde então, sua postura de silêncio tem sido interpretada como tática — e seu conhecimento sobre os bastidores do governo, como ameaça iminente.

"Homem-bomba" e o padrão de isolamento

A influência de Júnior dentro do governo era vista como incômoda por diversos setores. Agora, fora da estrutura oficial, ele é tratado como um “homem-bomba” político: se falar, pode implodir de vez a imagem pública do governador.

O caso também expõe um padrão recorrente no governo Rocha: o afastamento de aliados com projeção. Exemplo disso foi o rompimento com Hildon Chaves, o esvaziamento político de Fernando Máximo e a tentativa de conter a ascensão de Maurício Carvalho. Internamente, Marcos Rocha se vê cada vez mais isolado — inclusive dentro do seu próprio partido, o União Brasil.

Disputa familiar e clima de perseguição

A estratégia para manter o poder parece ter se transformado em uma guerra interna. Luana Rocha, o irmão Sandro Rocha e o vice-governador Sérgio Gonçalves surgem como peças-chave em um tabuleiro que mistura ambição política e interesses familiares. Para analistas, a campanha midiática contra Júnior seria também um recado para Sérgio: neutralize riscos ou será o próximo.

Informações de bastidores indicam que ao menos sete delegados da Polícia Civil recusaram o convite para assumir a Direção-Geral após tomarem conhecimento de que a prioridade seria prender Júnior Gonçalves. A suspeita de interferência política nas investigações já teria chegado à Polícia Federal.

Um governo em erosão

A imagem de Marcos Rocha como líder confiável está em queda. Promessas não cumpridas, perseguições internas e tentativas de silenciar vozes influentes acentuam a percepção de um governo em crise. O caso da deputada federal Cristiane Lopes, que esperava um cargo relevante e foi vetada por influência de Luana Rocha, é mais um capítulo de um governo que, a cada manobra, parece mais fragilizado.

O silêncio de Júnior Gonçalves, até agora intacto, tornou-se a peça mais valiosa (e perigosa) desse jogo. E a qualquer momento, ele pode decidir falar.